Sim, eu poderia. Eu deveria. Eu queria. Eu deixaria. Eu amaria. Eu gostaria. Eu viajaria. Eu estudaria. Eu trabalharia. Eu viveria. Não, futuro do pretérito pouco serve para nossa vida. No dicionário ele indica um tempo verbal que poderia ter acontecido posteriormente a uma situação passada, encontrando-se condicionada e incerta. Na vida ele indica uma ilusão, um deveria que já foi, não aconteceu e não voltará para acontecer. Na gíria é chorar o leite derramado, se houvesse leite na caneca.
Nossa mente sabota nossa vida de maneiras peculiares: comece a prestar atenção nas pessoas que usam o futuro do passado – elas vivem de sonhos, moram num passado que ficou lá atrás e não há certeza se foi concreto. O presente é algo difícil de ser aceito. Por consequência, a vida dos saudosos futuristas não flui.
Em contrapartida, juntos aos estudiosos de programação neurolinguística e coaches de poder pessoal, conhecemos pessoas que é tudo pro agora: eu faço, eu penso, eu amo, eu executo, eu posso, eu consigo. Erram, mas colocam a vida em jogo. Respeitam o passado e colhem no futuro, mas vivem o hoje. Geralmente são líderes, esportistas de ponta, altos cargos: destemidos que são, faltaram na aula do futuro do pretérito. Estiveram todos na aula do presente.
Na praticidade do dia a dia, cultivamos a sabotagem quando nos apegamos a tudo: guarda roupa abarrotado de roupas, sapatos, cadernos da primeira série, convite de casamento da sua amiga (ela se casou há 8 anos, ok?), sacolas de lojas de shopping, o guardanapo do primeiro café na Argentina. Okok, memórias afetivas. Mas não precisamos nos engessar por elas... muitas pessoas precisam de doações – digo de passagem que a doação nos dá uma grande paz de espirito, emoções estão gravadas em nossa alma, cafés se espalham pelo mundo: vá colhê-los. Desapegue do que pesa - no espaço, no bolso, na consciência. Nos sabotamos quando só ouvimos nossas primeiras músicas – que nos remetem a relacionamentos passados, quando comparamos novos loves com antigos loves – cada pessoa é um universo e merece respeito. Sabotamos nosso corpo, obrigando-o a relacionar-se com corpos que já não trocam energia, nem amorosidade. Sabotamos nosso amor próprio quando vamos de encontro a nossas feridas, nossa dor emocional se sustenta de pequenas casquinhas doloridas; quando na verdade deveríamos viajar e estancar essas feridas ao sol.
Longe de esse artigo propor uma lavagem cerebral de positivismo – agradecemos nosso passado, mas, seguimos com a vida. O futuro, não o conhecemos. Melhor não gastar energia com ele - no máximo uma casa, uma poupança e um plano de saúde. A ansiedade já se alimenta dessas preocupações. A proposta é muito simples e culta: eu posso, tu podes, ele pode, nós podemos. Vamos todos! A vida é muito breve e maravilhosa para sustentar ilusões e angústias. Sabe aquele seu casinho de 1998? Se casou e separou por duas vezes e segue adiante. Enquanto você, ainda sonha com o quanto “poderia” ter dado certo o romance entre vocês. Ânimo, jovem. Você “pode” muito mais do que você imagina.
Silvia Delforno, terapeuta corporal com abordagem tântrica.
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