Publicado em 13/05/2021
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Terapia do silêncio – porque ficou tão difícil aquietar-se
Houve um tempo em que a noite e o quarto escuro representavam o silêncio. Hoje as notificações chegam, interrompendo o breu.
Romantismo à parte, o silêncio ficou raro. A sociedade atual exige conexão dia e noite; rotina acelerada e agitada – devemos estar sempre em ação.
Os relatos que tenho em consultório são excesso de informações que de tão profundas, tornam-se rasas por não serem aproveitadas pelo cérebro. A maioria tem a sensação de estar perdendo algo, perdendo a hora pra vida, como se devesse cumprir um protocolo desconhecido rumo a excelência. Há mulheres tímidas que se devassam em frente ao smartphone. Há homens que trocam suas camas quentes por noites de jogos on line. Há quadrilhas especializadas em golpes por redes sociais, e, há seres humanos frágeis que se sustentam de migalhas afetivas. Há as pessoas que vem para a massagem relaxante e não desgrudam do celular e há os que vêm para a magia do Tantra querendo ficar com o aparelhinho ao lado. Impossível.
Desconheço um local em que wi-fi não esteja no essencial, afinal, vemos mesas repletas de pessoas presas aos seus celulares e quietas entre si. Criamos mundos fantasiosos para nos desconectarmos do silêncio de nossas vidas.
O silêncio não é apenas ficar sem falar, é também aquietar os estímulos, aquietar a mente, aquietar o corpo. Escutar o coração, recheado de emoções. E para isso é preciso escutar dentro e silenciar fora.
O início de tudo é a conscientização da respiração. A primeira dica é um minuto por dia se conectando com o “barulho interno”, sem julgamento. Um minuto sem pensar, apenas sentir.
A “Era do ruído” – termo criado por Erling Kagge, primeiro homem a chegar ao Polo Sul, sozinho – está levando muitas pessoas a procurar o caminho da espiritualidade como fuga do barulho e resgate do silêncio da alma. Procurando nas raízes hindus os ensinamentos para uma vida mais plena. Sem contexto religioso, e sim buscando uma conexão profunda com a mente e as emoções.
Freud, pai da psicanálise, relata que o silêncio e a solidão nos liga à angústia infantil, arrastando para o nosso inconsciente. O vazio muitas vezes é preenchido por fantasias e, acabamos vivendo uma vida imaginária, fantasiosa, por medo do verdadeiro silêncio, muitas vezes carregado de dor e frustração. Se essas palavras fazem sentido a você, leitor, procure terapia. Fará muito bem.
Excesso de “barulho” causa estresse
O estresse, gerado por cansaço, pressão e excesso de atividades, se manifesta gerando fadiga, desânimo, queda da libido, problemas intestinais, problemas de pele, dentre outros sintomas. O caminho mais curto para amenizar o estresse é a medicação e o descanso. O caminho mais certo é um conjunto: medicação quando necessária, descanso, noites de sono reparador, banho morno, massagem relaxante, meditação.
Dicas para o silêncio
- Limite-se ao tempo de ficar olhando redes sociais. Coloque um tempo e respeite. A vida é o que se passa aqui fora e não em redes que cada pessoa posta o que quiser.
- Quando for para a cama, desligue os dados para não receber notificações. O ideal seria desligar o aparelho mesmo.
- Leia o livro “O Poder do Silêncio”, de Eckhart Tolle.
- Volte a apreciar a tevê desligada, a Netflix desconectada, o computador e o celular desligado. Pode parecer loucura, mas há vida sem tudo isso também.
- Passe um tempo na sua companhia, faça uma comidinha gostosa, tome um banho e leia um livro. O BBB já acabou, a pandemia começa a dar sinais de controle e a nossa integridade física e mental é a prioridade da vez.
Redação:
Silvia Delforno, terapeuta corporal com abordagem tântrica.
Whatsapp 11 97118-2440