Publicado em 22/11/2022
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O homem negro como objeto sexual
Nesse mês de novembro, mês da conscientização negra, trazemos um assunto que rodeia a imaginação humana: o corpo do homem negro.
O homem negro como objeto sexual - esteriótipo do "negão" bom de cama, viril e selvagem. De onde surgiu isso? Em pesquisa, vi um panfleto da época da escravidão que continha "dicas" para novas adesões: ser forte, ter o órgão sexual desenvolvido, verificar se o odor não era tão forte, se não tinha feridas e por aí vai. Nesse mesmo estudo, escravos eram usados para o trabalho e para reprodução humana, visto a concepção de ser um excelente reprodutor. A indústria pornográfica utiliza o corpo do homem negro como modelo de macho perfeito. E se ele não for nada disso?
A priori, como é ser um homem negro. A imagem que a sociedade construiu ao longo do tempo e que ainda hoje luta para desconstruir, remete ao homem negro atos de violência e assaltos. Remete ao homem negro farra e irresponsabilidade. Remete ao esteriótipo de bem-dotado e garanhão sexual. E para ajudar, celebridades negras ostentam seu poder de consumo e escolhem parceiras brancas - atitudes que aumentam a fantasia do bad boy.
Homem exemplo. Correto, educado, provedor de sua família, bem-sucedido e responsável. Homens brancos e negros enfrentam os mesmos dilemas na carreira, na organização familiar, na vida em sociedade. Então, a cor da pele não interfere no caráter, e sim, as decisões que o homem tomará em sua vida. Inclusive, no que diz respeito à sua opção sexual.
A erotização do negro. Comumente ouço das mulheres que elas precisam mesmo é de "um negão" para satisfazê-las. Comumente ouço fantasias de terceira pessoa na cama, e se essa fantasia vier do sexo masculino, há uma grande hipótese de ser um negro - muitos homens fantasiam suas parceiras com um negro, revelando a busca por satisfação de um velado complexo de inferioridade. Comumente ouço que uma despedida de solteira (mulher branca, geralmente) poderia ter uma negão para animar. Haja negão nessa vida para tantos desejos.
E se ele não for nada disso? Já ouvi de um negro que ele gostaria de parceiras sexuais mais amorosas e menos sedentas de sexo selvagem. Já ouvi de um negro que seu carro foi adquirido com muito esforço e muitas horas de trabalho - dando satisfação as pessoas que olham como se ele fosse o motorista ou tivesse roubado seu próprio carro. Já ouvi de um negro que ele só quer namorar seu parceiro em paz, sem ser questionado do quanto cobra a hora. Já ouvi de um negro que ele quer ter uma vida normal, só isso.
Lá vem o negão, cheio de paixão. E no clima de homenagem, segue os adjetivos ouvidos em consultório: o homem negro é mais carinhoso. Ele garante o molejo. É engraçado. É desinibido e deixa a mulher à vontade. É selvagem. É atencioso e cavalheiro. Quando o homem negro é rico, ele trata a mulher como uma princesa. Ele tem mais resistência na cama.
Depois que fiquei com um negão, só quero saber de negão.
Ele é um ser humano, merecedor de todo carinho, de todo respeito e de todas as boas oportunidades que a vida possa lhe oferecer.
Redação:
Silvia Delforno, psicanalista.
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