Publicado em 03/04/2023
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Como as pessoas ficaram após a pandemia
Passado um bom tempo após a pandemia, é hora de fazermos um balanço do que mudou nas nossas vidas.
Por esses dias o Brasil registrou a marca de setecentas mil mortes em decorrência a pandemia do Covid-19, que iniciou-se no país em 2020 e desde então, mesmo após as campanhas de vacinação, ocorrem diariamente óbitos por consequência do vírus. A pandemia trouxe um novo vírus gripal, agrupando-se aos outros que já foram mais letais, e hoje somam as doenças que podem terminar na morte. O período pior enfrentado pelo mundo todo até o advento das vacinas, entre 2019 e 2022, foi marcado pelo isolamento, como forma de conter o avanço da doença. E o ser humano se viu enjaulado, ou pelo menos limitado em algumas ações, principalmente as atividades coletivas.
Após a segunda dose da vacina, a normalidade foi-se estabelecendo, salvo alguns locais e algumas ocasiões. Mas, e para as pessoas, como foi essa volta à vida após uma pandemia nunca vista pela maioria deles?
Como profissional da saúde mental, vejo que as pessoas voltaram pior no pós-pandemia. A sensação de prisão somada ao medo da morte, fez com que o ser humano saísse de uma jaula, literalmente. A jaula da mente. A maior observação para tal constatação seria o individualismo acrescentado a falta de empatia, que está cada dia mais nítido na maioria das pessoas. O individualismo remete ao pensamento e ações que contentam somente a si, sem pensar nos outros, gerando total apatia pelo outro.
Grande parte da responsabilidade desse egoísmo coletivo são as exposições midiáticas, que foram tão exploradas no período de confinamento. A competição pelo melhor happy hour, melhor corpo, melhor casa, melhor comida, melhor sextou, melhor look, melhor foto - o mundo viveu, por mais de uma ano, numa tela de celular. A vida se resumia num aparelho telefônico. E a existência foi ficando tão centrada no ego, que as pessoas se perderam nele.
A raiva veio à tona, prova disso é o alarmante aumento da violência no mundo, principalmente a violência doméstica. As separações conjugais atingiram recordes, porque após o choque da convivência obrigatória com o parceiro, grande parte quis se libertar do relacionamento, acreditando que liberdade e libertinagem são iguais. As mazelas emocionais, tais como a ansiedade e a depressão, se espalharam feito erva daninha, resultado da constante pressão imposta, sem limites. O vazio existencial invadiu o ser humano, que passou a se questionar do porque de tudo, como se a vida fosse uma cartilha escolar. Tal observação é vista no aumento da procura por profissionais terapêuticos.
Cabe mencionar o volume de pessoas ainda em luto pela perda de entes queridos; difícil entender porque tal pessoa se foi e tantas outras não.
A pergunta que paira no ar é: o que será preciso acontecer para que as pessoas mudem? Para que o ser humano sinta-se parte do conjunto chamado Terra, e não como um ser egoico que se comporta de acordo com seus interesses.
Sem trazer religiões ao contexto, chamou-me a atenção um artigo espírita que trazia o quanto a frequência do planeta está baixa desde a pandemia - está mais baixa do que antes do Covid. Ou seja, só piorou.
A natureza dá sinais do seu desgaste em todas as estações do ano e as pessoas continuam amaldiçoando as chuvas, não olhando para a escassez do verde. Construindo shopping, está tudo certo. O mundo passa por uma recessão, num cenário de guerra e fome, mas as pessoas evitam as notícias, afinal elas só trazem coisas ruins. Alienação coletiva.
Desejo que a gente consiga entrar na energia do Universo o mais rápido possível, há muito a fazer. Comecemos por ajudar ao próximo necessitado, visto o preço dos alimentos em nosso país. Será uma ação muito nobre.
Redação:
Silvia Delforno, psicanalista.
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