Publicado em 27/03/2023
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“É sempre necessário saber quando uma etapa se finda, quando algo acabou, e não existe mais, insistir em permanecer ali, só aumentará o sofrimento e a angústia”. Fernando Pessoa.
É sexta à noite, o relógio marca vinte e uma horas. Já era costume o jantar a dois, um vinho, muitas conversas e uma cama. E o fim chegou, deixando um vazio no meio do peito. Sabemos que somos capazes de construir uma nova história, mas... O tempo não contribui acelerando horas, dissipando a dor e a angústia. O tempo tem seu próprio tempo.
A rotina da semana é exaustiva e o final da noite é tomado pelo cansaço. O fim de semana passa muito rápido para compensar todas as horas que passamos trabalhando. Os meses e, talvez anos, passam de forma que a gente não percebe o quanto esse trabalho já não nos edifica mais. Apenas cumprimos metas, pagamos contas e nos sustentamos. Muitas vezes não sabemos por onde começar, mas sabemos que mudar é preciso. Renovar ares, desenvolver novas habilidades.
Os programas da turma sempre foram nossa fonte de alegria e diversão. Por anos conservamos as antigas amizades – infância, colégio, faculdade, trabalho. E, inevitavelmente crescemos, em todos os sentidos. E alguns programas já não nos atraem, pela nossa idade ou disposição . É preciso renovar as amizades, sem jamais esquecer e conservar as antigas.
Comidas gordas sempre estiveram em nosso cardápio, até chegar os resultados do exame de colesterol. E, da noite pro dia, nos vemos na prateleira da baixa caloria. Nova rotina, nova alimentação. Hábitos saudáveis substituem nossa alimentação errada.
E assim segue a lista dos “deixe ir”... deixemos ir pela nossa saúde física, mental e pelo nosso amor-próprio. Estar sozinho numa relação é muito pior do que estar sozinho consigo mesmo; se já não é fácil amar a dois, imagine amar por dois. Nossa criatividade e competência se bloqueiam quando insistimos em continuar numa profissão que já não nos motiva: continuamos empregados, sem aquele gás que nos impulsiona ao sucesso. Amigos são para sempre, mas novos amigos condizem com o nosso momento – sempre haverá espaço para novas amizades. Novos costumes significam saúde, bem-estar e vontade de viver.
Os apegos se assimilam a dor e é preciso muito calma nessa hora, porque nosso cérebro adora confundir apego com amor. E o amor é livre. O que gostamos muito nos liberta da prisão do ego - aprendemos que “soltar” faz bem; permite que o novo chegue, com surpresas e aprendizados. Apego é dor, assim como amor é liberdade.
Fácil assim? Jamais. É o maior exercício da vida; é preciso muito amor-próprio para desapegar. É preciso muita força e dedicação para não deixar o medo nos paralisar – sim, o medo é um grande vilão. Acreditamos que não seremos nunca mais amados ou merecedores de um bom relacionamento como o anterior. Aceitamos que não temos capacidade para novos voos profissionais. Revestimo-nos de dor para não aceitar que precisamos mudar nosso modo de vida e nossos relacionamentos.
A palavra da vez é “saudável” – tudo saudável. De comidas a sentimentos. De pensamentos a atitudes. Maturidade à vista.
Para o novo chegar, o velho deve ir embora.
Redação:
Silvia Delforno, psicanalista.
"Ajudando você a viver de forma mais leve, com mais plenitude e realizações".
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