Publicado em 18/11/2022
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A valorização do cabelo afro
Vinte de novembro - dia da Consciência Negra. Que tal começar pelos cabelos femininos?
Vinte de novembro de 1695, dia da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil. Pois mesmo após o 13 de maio (assinatura da Lei Áurea que libertava o negro da escravidão), existe uma "liberdade falsa", pois os negros sofrem até hoje discriminação e racismo.
Pode parecer o mais do mesmo para quem é branquinho como o europeu, mas para quem enfrenta o padrão de imagem imposto ao mundo, não é tão simples assim.
Nesse artigo, vamos falar com as mulheres negras, donas de cabelos negros e esvoaçantes, lindos quando amarrados com lenços e turbantes, ou soltos ao vento. Ou lisinhos e pintados de cor mais clara, aproximando-se de não sei qual padrão, introduzido também não sei por quem.
Hoje, ouço relatos de meninas na casa dos vinte anos, que alisam seus cabelos desde os sete, mais ou menos. Idade que começaram a perceber que o cabelo da amiguinha na pré-escola era diferente do dela e ela queria igual, para se sentir aceita e pertencente. Hoje, aos vinte anos, com tanta química já usada nos cabelos, eles estão ralos e não crescem com facilidade, daí a necessidade de peruca, implante e outros procedimentos modernos para ter cabelos longos, e lisos, óbvio.
Mães negras estão começando a alisar os cachinhos das filhas cada vez mais cedo, pela suposta "dificuldade" em lavar e pentear. Mas percebo que o buraco é bem mais embaixo. Em pesquisa, descobri que mulheres negras com cabelos naturais têm menos chances de bons empregos do que negras com cabelos lisos e comportados. Segundo a pesquisa, os recrutadores classificam a negra com cabelo liso como mais profissional e responsável, enquanto a negra com cabelo volumoso remete à irresponsabilidade. Pasmem.
Identidade a partir do cabelo natural. O cabelo natural da mulher negra faz parte da sua identidade - reconhece nas suas caraterísticas naturais a sua raça e sua condição feminina. Com a exposição midiática do mundo atual, mulheres negras se comparam com a etnia branca, transformando a estética branca como dominante. Mas não é real. Existe uma curta animação no Youtube intitulada "Transições", que mostra uma menina alisando seus cabelos para ser aceita na escola, e seus pais incentivando-a a assumir as características da sua raça e orgulhar-se delas. Recebi de uma paciente professora, um lindo trabalho desenvolvido junto aos pequenos alunos, onde eles colavam lã no lugar dos cabelos no desenho de uma mulher negra. O fim do racismo começa em casa, passando para a escola, criando na criança a sua aceitação. São esses projetos tão bacanas que representam o mês da consciência negra, de verdade.
Amor ao cabelo afro. Cantoras pops, como Beyoncé, abusam de perucas, tinturas, tissagem ou entrelessamento, mas por baixo da imagem, existe um cabelo afro, comprido ou não - a raiz está lá, lembrando as origens, as quais a cantora exalta em suas músicas. Aliás, Queen B, como Beyoncé é conhecida, é uma defensora do empoderamento feminino, negro ou não. Taís Araújo, atriz brasileira, exibe uma cabeleira afro maravilhosa. Influencers negras. Nessa homenagem ao cabelo e à beleza negra, trazemos mulheres que incentivam a beleza raiz: @magavilhas, @camilladelucas, @gabidepretas, @tiamaoficial, @todecrespa.
"Me disseram que meu cabelo é ruim. Por muito tempo acreditei. Mas hoje eu sei que ruins são as pessoas. Meu cabelo não faz mal a ninguém". Anne disse.
Parabéns, Anne. Continue dizendo.
Redação:
Silvia Delforno, psicanalista.
"Ajudando você a viver de forma mais leve, com mais plenitude e realizações".
Sessões on-line e presencial.
Informações: whatsapp - 11 971182440.