Publicado em 17/02/2023
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Personagem presente desde a era medieval, a mulher segue perseguida quando pensa por si, apenas.
Era uma vez uma mulher estudiosa, questionadora, desafiadora dos padrões impostos pela sociedade. Ela perturbava os poderosos pela sua audácia; na época, o poder era representado pela Igreja. Por temer tanto conhecimento, a Igreja achou melhor queimar essa mulher em praça pública, junto com outras colegas que também representavam ameaça. O castigo era para desencorajar novas rebeldes. Inquisição foi o nome desse movimento e datou dentre os séculos XII a XVIII.
Brucia, brucia!
Brucia, significa queima em italiano. Desse grito de ordem nasceu a palavra bruxa.
Alguns séculos mais tarde, essas mulheres se encontram por todos os cantos do mundo, fazendo seus rezos, seus chás e suas meditações. Essa nova bruxa canta, dança (até mesmo nua). Conversa com as plantas e reverencia o sol e a lua. Ela respeita o sagrado que habita em seu corpo. Ela respeita seus sentimentos, suas vontades e seus limites. Ela respeita o outro.
Ela é estranha demais por ser livre.
Esse artigo não mencionará uma bruxa como uma mulher maldosa, com um nariz comprido, vestes longas escuras e chapéu pontiagudo. Fica para um outro artigo.
A bruxa em questão é a boa mulher, que cresceu lendo e assistindo a Hermione de Harry Potter. Ela usa a moda Barbiecore, às vezes. A boa bruxa deseja o bem a ela e a todos, condenando maldades e injustiças. A bela, por vezes, está em passeatas defendendo alguma causa; está juntando alimentos para famílias carentes. Brinca de pega-pega na rua para tirar a criançada do celular. A boa bruxa insiste em fazer festa de qualquer coisa para tentar reunir uma família fragmentada. Promove reunião de boas novas para a amiga que conseguiu comprar seu apartamento. A boa bruxa se relaciona sexualmente quando o amor está presente na relação.
Ela é esquisita para o mundo.
Leva boldo para o colega que está com problema no estômago. Compra flores para colorir o escritório. E troca happy hour por trabalho voluntário. Estranha demais essa mulher.
Ela usa saia e vestido e fala pra todo mundo que por casa fica sem calcinha. Diz que o corpo feminino precisa respirar. É normal também ela dar dicas de ervas para banho íntimo - ela acredita piamente em troca energética. Seus cosméticos são veganos, mas ela compra na Sephora também. Ela é real e não fica cobrando que os outros sejam iguais.
Ela tem autoridade sobre o seu corpo, sobre suas ações e seus pensamentos. Ela sabe pensar e opinar, por isso é vista como incomum. Ela tem princípios e seu caráter não é negociável.
Ela deve ser igual a você.
Redação:
Silvia Delforno, psicanalista.
"Ajudando você a viver de forma mais leve, com mais plenitude e realizações".
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Informações: whatsapp - 11 971182440.